domingo, 10 de maio de 2015

Deixe o tempo passar

E de repente você olha para trás, e percebe o quanto tudo passou depressa. Em um piscar de olhos, sua infância e sua adolescência foram embora, deixando rastros que nem sempre você consegue/quer se livrar. Você percebe quantos laços foram desfeitos e refeitos, quantas pessoas novas entraram na sua vida, quantas coisas boas não foram tão boas quanto o esperado, e quantas coisas que pareciam terríveis acabaram não sendo nada. De uma hora pra outra, você percebe que já tem tantas lembranças boas quanto calos. E quanto mais o tempo passa, melhor a sua cabeça fica, e mais você tem que conviver com a saudade. Saudade de quem já se foi. Saudade de brincar o dia inteiro e sem preocupações. Saudade de ser adolescente e ter um coração puro e aberto. Saudade de ser mimada pelos pais. Saudade de quando tinha quinze anos, e achava que aos dezoito faria as coisas mais loucas. Saudade da inocência que a vida tira.

As pessoas tem várias maneiras diferentes de se dar conta de que estão "envelhecendo". Algumas só se dão conta quando nasce o primeiro cabelo branco. Ou quando surge aquela vontade doida de casar e ter filhos. Ou quando as crianças começam a chamar de "tio" e "tia". Ou quando fazem as contas e arregalam os olhos ao constatar que a formatura do ensino médio foi a cinco, sete, dez anos atrás. Ou quando os quilinhos a mais após um fim de semana de gordices demoram mais a sumir. Bom, no meu caso, o que derrubou de vez a minha ficha foi o falecimento dos meus avós, no ano passado. Ambos com noventa anos, minha avozinha em fevereiro, e meu avô, seu amor da vida toda, exatamente seis meses depois. Ambos com tranquilidade. Ambos após terem cumprido sua linda missão: criar os sobrinhos (minha mãe e meu tio) quando estes ficaram órfãos. Ambos tão velhinhos, e mesmo assim deixando uma saudade imensa nos filhos, sobrinhos e netos. Um sendo o último, e o outro o penúltimo dos irmãos - algo que retrata bem a beleza e a dor de se viver tanto.

Eu tenho medo de envelhecer porque acho a velhice a coisa mais cruel do mundo, e nunca escondi de ninguém minha síndrome de Peter Pan. Mas hoje, ao abrir os olhos e sentir que meus 24 anos chegaram (quase um quarto de século, caramba), o medo passou. E decidi que, se é pra envelhecer, que seja em paz comigo mesma. Que seja fazendo o que eu tiver vontade e convivendo com quem eu amo. Que continue sendo cercada de amor, como sempre sou nesse dia.

Que seja feliz, que seja saudável e seja forte. Essa foi a melhor herança que meus avozinhos me deixaram. :)


2 comentários:

  1. Adorei o teu texto. Depois dos meus 20 anos, passei a detestar meus aniversários. sempre me fecho em "depressão", inconformada com a velocidade do tempo. Uma hora tu está brincando na varanda de casa, e na outra, está preocupada com as contas para pagar. e o mais irônico é que quando eu era pequena, tinha pressa em crescer! ¬¬ Mas acho que tem que ser como tu dissestes mesmo. temos que amadurecer sem medo, em paz conosco mesmo. :) Enfim, parabéeeennsss, felicidades, tudo de bom!!!! Faltou as fotos dos teus presentes! xD
    bjss :**************

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    1. Eu fico meio louca toda vez que chega perto do meu aniversário. Me sinto a cada ano mais decrépita (e olha que todo mundo diz que eu aparento menos idade do que tenho), sinto muita saudade de quem já se foi, choro escondida por qualquer coisinha. Sério, é digno de psicólogo. Mas estou contente, sabe. Apesar de tudo, meu aniversário desse ano foi um dos melhores dos últimos anos. Estou feliz.
      Beijinho, e muito obrigada! Ah, e tem uma fotinho prévia dos presentes no meu Insta, mas pretendo mostrá-los juntos com as comprinhas de maio. ;)

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