quarta-feira, 4 de maio de 2016

O que aprendi ao deixar o ninho

Uma das coisas mais clichês e mais verdadeiras que nos contam, é que viramos outras pessoas, ao sair da casa dos pais. Seja para morar sozinha, com seu amor ou mesmo com algum amigo, a experiência é intensa, é maravilhosa e, em alguns muitos momentos, dolorosa. Nada te faz crescer tanto quanto não só ter que pagar suas próprias contas, como lavar a própria roupa e fazer a própria comida.

No meu caso, foi muito tranquilo porque eu e meu noivo nunca fomos de brigar ou mesmo discutir, e o "casamento" nos manteve assim. Não vou negar que eu tinha um certo medo de que essa nova convivência mudasse completamente a relação, mas isso não aconteceu, e só o que fizemos foi nos adaptarmos às manias um do outro.

Nesses quase dois meses em que estamos morando juntos (passou rápido pra caceta), tivemos paciência, boa vontade e bom humor. Decidi contar algumas coisas que acontecem e de certa forma transformá-las em dicas, e se você estiver nessa fase de mudança (seja sozinha(o) ou acompanhada(o)), talvez isso te ajude. ;)

1) Você vai morrer de saudades de casa



Se você está perto de se mudar, provavelmente está muito ansiosa para ir para seu novo espaço, e de certa forma nem se sente mais em casa no lugar onde morou pela vida toda, certo? Pois saiba que isso passa assim que a mudança for feita, e que vai doer pra caramba se despedir dos seus pais. No meu caso eu chorei horrores assim que pus o pé na minha nova casa, e no outro dia de manhã já estava indo visitar a minha mãe :v. Você vai sentir um aperto no peito quando chegar o horário em que seus pais chegam do trabalho, e se eles passarem muitos dias sem te ligarem ou te visitarem, você vai achar que eles te esqueceram, aushuahsua. Fora o mais bizarro: depois de se mudar, você volta a se sentir em casa, na casa deles. Quando visito minha mãe chega a ser estranho, pois assim que entro na casa o meu instinto é ir direto para o meu quarto (que nem é mais "meu quarto", mas sim o quarto novo da minha mãe e do meu padrasto). E quando entro na cozinha, a sensação é que eu estava preparando algo para comer ali mesmo no dia anterior, mesmo já tendo passado um bom tempo. É bizarro e difícil de explicar, mas comigo aconteceu.

2)Você não vai deixar tudo exatamente como quer

Quando a gente está para dar esse passo, olha revistas de decoração, pensa em móveis, quer tudo e acha que já vai ter tudinho, quando estiver no seu novo lar. Bom, não vai. Tirando itens de necessidade extrema (fogão, geladeira, pia, cama, etc), sua casa vai se completar aos poucos, conforme seu suado dinheirinho permitir. A quantidade de coisas que uma casa precisa é absurda, surreal, e você simplesmente NÃO vai se lembrar de tudo, quando estiver fazendo sua lista de compras. Quer um exemplo? Quando fiz minha lista escrevi talheres, e quando me mudei já tinha os mais necessários além dos de comer (faca de carne, escumadeira, concha, etc), mas um belo dia, ao tentar abrir uma lata de leite moça, me dei conta de que não tinha abridor de lata. Err. O mesmo aconteceu com minhas formas: comprei um kit que vinha com uma de bolo e uma de pudim, e me esqueci justo da de pizza - e olha que a gente assa pizza o tempo todo! Fora que ainda faltam coisas grandes, como uma secadora, um transformador de energia, e um sofá maior. Mas é assim mesmo, gente. Ninguém tem exatamente tudo quando se muda, então não pire.

3)Quanto menos dívidas você fizer, melhor



A única coisa cara e parcelada que temos (além do carro, óbvio) é a smart tv que temos na sala, mas só temos porque ganhamos uma outra coisa: a cozinha. Eu desde o início optei por juntar dinheiro e comprar o máximo de móveis a vista, porque sabia que o preço do aluguel e das demais contas seria salgado. Parcelamos a cozinha em uma emergência e ficaríamos só com a tv de tubo 14 polegadas que eu tinha no quarto (ashuahsuahsa), mas a minha santa tia, que queria me dar um presente e não sabia exatamente o que, sugeriu assumir a dívida da cozinha, e então pudemos comprar a tv 32 que queríamos. Gente, as coisas são caras, muito caras, e eu tive uma sorte do qual vou ser grata pelo resto da minha vida, porque ganhamos todas as coisas essenciais e mais caras (fogão da minha mãe, geladeira da minha sogra, lavadora de roupas e microondas da minha madrinha, e guarda-roupa do meu pai), e as demais coisas encontramos baratinho em lojas mais simples, e fomos pagando na bucha e guardando. E digo sem constrangimento que, se não tivéssemos essa família incrível, com certeza demoraríamos bem mais para nos mudarmos. Meu conselho é: se programe antes, vá comprando o máximo que conseguir à vista, e só faça prestações em último caso MESMO. Quando você estiver pagando água, luz, telefone, internet, aluguel e despesas com alimentação, não ter que se preocupar com a parcela alta do ar condicionado vai ser um alívio e tanto.

4) Divida tarefas e tenha paciência



Eu sou individualista, cheia de manias, um pé no saco. Mas quando você decide dividir o espaço com seu amor, precisa entender que esse espaço é tão dele quanto seu. Ou seja, não dá pra querer pintar o quarto todo de pink, e encher a sala de plumas vermelhas e cortinas douradas. Assim como você não vai querer que ele encha a parede com posters de carros e de mulheres peladas (!). Esse novo lar deve ser confortável para os dois, então decore como gosta, mas com bom senso. No nosso caso essa divisão fica bem visível nas mesas de trabalho: enquanto o meu home office é na sala, ao lado da estante de livros, com direito a fotos no mural e muitas coisas bonitas pra me inspirar, o dele, que é em outro lugar da casa, tem uma mesa maior e uma luminária mais potente (ele desenha), uma impressora, e o mural tem apenas as ilustrações dele. E quanto às tarefas, a dica é: não faça tudo sozinha e não tenha vergonha de exigir cooperação, pois não dá pra abraçar o mundo. No nosso caso a divisão foi naturalmente, pois eu tenho mais mania de limpeza e cuido mais dessa parte, e a comida fica mais com o Abê do que comigo, já que ele cozinha melhor :v. Quanto às roupas, quem lava é quem percebe primeiro que o cesto está cheio, hehehe. De um modo geral não temos muita regra, mas nos entendemos bem assim e um ajuda o outro, já que nosso tempo é curto.

5)Você vai querer ficar em casa mais do que em qualquer outro lugar

Independente do estado civil, a vontade de badalar vai dar uma boa estagnada. Você vai ter tantas tarefas acumuladas em casa e tanto cansaço nesse couro, que vai ser difícil te convencer a sair, quando você estiver de folga. Lembre-se que esse é seu lar do jeitinho que você queria, então você vai querer passar todo o tempo possível nele. E, ao contrário do que você pensa agora, não vai rolar vontade de dar festas em todo o final de semana - só de pensar na quantidade de louças pra lavar depois, você desiste da ideia. Ahém. Talvez essa fase bicho do mato passe depois de um tempo, mas no momento estou curtindo ela, totalmente.

É isso, galera. Se essas coisas que escrevi ajudarem uma pessoinha que esteja para passar por tudo isso, já fico muito feliz. E logo, logo, vai ter o tour com as fotos que prometi. ;)

Xoxo. :*