sábado, 22 de fevereiro de 2014

O Clube dos 27


De todos os assuntos que fascinam a humanidade, a morte com certeza está entre os primeiros. Tanto por quem adora falar sobre ela quanto por quem a vê como tabu, tanto por quem a desafia diariamente quanto por quem treme de medo e tem taquicardia só de imaginar, a morte, como diria Steve Jobs, "é a única certeza da vida." E aí entramos em questão filósoficas: Por que temer algo que não pode ser evitado e vai acontecer, mais cedo ou mais tarde?

Morrer jovem é um dos grandes medos da maioria das pessoas. Por outro lado, ninguém quer ficar sofrendo em cima de uma cama. Ninguém quer o sofrimento, mas ninguém quer morrer rápido. Entendem a complexidade do assunto? A verdade é que ninguém quer morrer, mas a grande maioria também não quer viver - pelo simples fato de levar tudo em banho-maria e não fazer absolutamente nada para o mundo. Viver uma vida em vão não é nada além de sobreviver. E sobreviver não é nada além de esperar a morte. Qual o sentido de nascer e crescer sempre esperando a morte?

As pessoas da lista que trago hoje morreram muito cedo, todos de forma trágica e deixando uma legião de fãs inconsoláveis, mas todos deram uma grande contribuição ao mundo: Seu talento. O famoso "Clube dos 27", um mistério que permanece até hoje: há quem tente dar explicações científicas - afinal, 27 anos é uma idade difícil, em que não se é velho mas também não é adolescente, e a atribulada vida na mídia aliada a inconsequência e aos abusos acabaram por bater os pregos do caixão dessa turma. Há quem vá mais longe e jure que se trata de uma maldição, ou mesmo um pacto com o coisa-ruim que esses artistas possam ter feito, em troca de sucesso. Há várias teorias da conspiração espalhadas na internet, algumas interessantes e outras de gargalhar, mas aqui vou falar de alguns dos ídolos que morreram aos 27 anos, do mais antigo ao mais recente:

7. Robert Johnson

"Fundador" do clube, morreu em agosto de 1938. Cantor de blues, sua morte não foi esclarecida até hoje - a versão mais conhecida (e plausível) é envenenamento em um bar, após flertar com a mulher do dono do local. A hipótese de que teria vendido a alma ao diabo em troca de seu talento na guitarra também é bem popular.

6. Brian Jones

Um dos fundadores da banda Rolling Stones, foi encontrado morto na piscina de sua casa, em 3 de julho de 1969. Embora a Certidão de Óbito esteja registrada como morte acidental, Brian era um excelente nadador, e até mesmo um possível assassinato permanece sob suspeita. O consumo excessivo de drogas fez com que ele fosse convidado a se retirar da banda, pouco tempo antes de sua morte.

5. Jimi Hendrix

Considerado por muitos o maior guitarrista de todos os tempos, morreu asfixiado no próprio vômito em um quarto de hotel, em 18 de setembro de 1970. Na época, consumia drogas e bebidas sem a menor moderação.

4. Janis Joplin

A talentosíssima  cantora  morreu em 4 de outubro de 1970. Faleceu em Los Angeles, Califórnia, vítima de uma overdose de heroína. Além da grande perda que foi para o mundo da música, Janis é uma das minhas favoritas da lista.

3. Jim Morrison

Ex-vocalista do The Doors, morreu em 3 de julho de 1971, em Paris. Encontrado na banheira de seu apartamento, o relatório acusa um ataque cardíaco como causa do óbito. Mais de 40 depois, teorias sobre overdose e assassinato ainda circulam.

2. Kurt Cobain

Sou suspeita pra falar, porque sou apaixonada por ele *-*. Fundador, vocalista e guitarrista do Nirvana, Kurt faleceu em 8 de abril de 1994. Foi encontrado em sua casa em Seattle, com uma espingarda apontada para o queixo. Apesar da tocante carta de suicídio (versão oficial), muita gente acredita que foi assassinato - e francamente, também tenho minhas dúvidas. Além do talento e da voz deliciosa, Kurt era lindo feito um anjo.

1. Amy Winehouse

Caçulinha do clube, Amy deixou esse mundo em 23 de julho de 2011. Apesar de ser uma das vozes mais poderosas de sua geração, ela também tinha um extenso histórico de abuso de álcool e drogas, chegando a ter sido internada várias vezes. Com seus vestidos justos, maquiagem e cabelo bem marcados e várias tatuagens, era também um ícone de estilo. 


Sobre as teorias da conspiração sobre o "Clube dos 27"... bem, não tenho uma opinião formada sobre o assunto. Acho tudo muito fantasioso, mas ao mesmo tempo tudo é estranho demais para ser coincidência. Acredito que as teorias de maldição só tenham ganhado força a partir da terceira morte, e obviamente as que vieram posteriormente corroboraram ainda mais a ideia. Por outro lado, a vida desregrada dessas pessoas é inegável - o que não julgo de forma alguma. Por ter se suicidado, Kurt é um dos mais criticados de todos (em breve escreverei sobre isso), mas como diz o ditado, "cada cabeça, uma sentença". Ninguém pode saber o que se passa na mente de seu semelhante, para o compreender por completo suas atitudes. Então, acho que independente de qualquer coisa, devemos reconhecer o talento desses músicos e a grande perda que suas mortes representaram para a arte. 



Galera, vou viajar durante o carnaval e semana que vem já  estou partindo, então talvez a próxima postagem atrase um pouco. De qualquer jeito, boa folia pra quem curte! Beijinhos. :*

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Livro: A Outra Face

Boa noiteeee!
Meus últimos dias têm sido bem intensos, para o lado bom e para o lado ruim. A notícia boa é que consegui um novo trabalho, e tô sendo muuuuito feliz nele. A notícia ruim é que na semana passada  perdi minha avozinha, Clarice :(. Ela tinha 90 anos e já estava há tempos bastante debilitada - e inclusive pedia em suas orações saúde aos filhos e netos, e pedia a Deus que a levasse, pois já estava muito cansada. De certa forma, o que me consola é que ela descansou, depois de ter vivido bem e feliz durante muito tempo :/ . Ela também era a última filha viva de uma família de 16 (!) irmãos.  Isso me faz pensar o quão triste deve ser, você ir envelhecendo e vendo as pessoas que você ama indo embora. Ainda farei um texto sobre isso.

Enfim, a vida segue, e hoje vou falar de um livro que já li há algum tempo, mas só agora decidi escrever sobre ele porque estou sem pauta para o Blog. Se chama A Outra Face. Sim, Lady L lê Sidney Sheldon.


Com uma narrativa ágil e densa, A Outra Face pode facilmente ser lido em uma única noite de insônia. Nele, Judd Stevens, um psicanalista solitário, mergulhado no próprio trabalho e que aparentemente não dá motivo algum para ser perseguido por alguém, vê seu mundo mergulhar em um verdadeiro filme de terror quando sua secretária é brutalmente assassinada, por um anônimo que não deixou rastros. Quando um de seus pacientes também é assassinado, os acontecimentos ficam cada vez mais ligados e as evidências deixam tudo muito claro: Judd é o verdadeiro alvo do assassino. As investigações começam, e ao mesmo tempo em que o protagonista caça seu algoz, percebe que está sendo caçado por ele - e, pior de tudo, sem ter certeza de que pode confiar em quem está ao seu redor.

Eu não sou uma assídua leitora de romances policiais - já li Agatha Christie, mas a Agatha é tão popular que não conta, ausaushuahsuahsuahsa. Mas esse livro me fez rever meus conceitos. Ganhei ele de presente de um primo, e depois que comecei a ler, não consegui mais largar. Ele é muito bom! A tensão psicológica não deixa de estar presente em um só momento, com mais intensidade em algumas passagens e menos em outras, mas sempre cumprindo seu papel e nos transportando para dentro da história do azarado Judd. Ele sofre por pessoas que morreram, desconfia de tudo e de todos, não consegue se entregar ao amor que sente por uma mulher, e precisa lidar com seu medo o tempo todo. É impossível não sentir empatia por ele. E se em um belo dia você acordasse com a notícia de que duas pessoas do seu convívio morreram, e que você é um suspeito e, ao mesmo tempo, uma possível próxima vítima? Imaginem como seria ter medo de ir trabalhar, de ir ao supermercado, sair na rua sentindo que a qualquer momento um tiro poderia atingi-lo, ou uma bomba poderia explodir sua cabeça. Eu com certeza enlouqueceria em dois míseros dias nessa situação.

O fato de Judd ser uma psicanalista o embaralha ainda mais, e ajuda a colocar ainda mais fogo na história. Conhecendo a fundo doenças como paranóia e transtorno de personalidade, em dado momento ele passa a suspeitar até de si mesmo, desconfiando de que pode ter cometido assassinatos em um estado semi-consciente. E como o livro é do ponto de vista dele, temos a mesma percepção que ele tem das coisas, as mesmas surpresas e a mesma angústia, sem saber em que acreditar. A Outra Face é como andar no escuro e batendo em vigas, cada uma delas trazendo um novo fato e deixando sua marca. E os outros personagens, embora coadjuvantes, são interessantes e todos parecem esconder algo em seu íntimo. Sabe aquele jogo, Detetive? É tipo isso. Cada momento que passamos com essa trama é capaz de deixar nosso coração acelerado. 

A Outra Face é difícil de descrever com exatidão, até porque uma mínima coisa pode se tornar um spoiler dos grandes, se você se lembrar dela no momento certo. Mas o considero uma leitura obrigatória para quem gosta do gênero policial/investigação. Sidney Sheldon mais uma vez provou que é O Cara, na hora de contar uma história envolvente.

É isso por hoje, galere. Tô mega cansada porque voltei pra academia (esqueci de contar isso lá em cima xD), então não tive tempo de fazer uma resenha melhor. Mas valeu a dica. ;)

Beijinhos, até a próxima. :*


domingo, 2 de fevereiro de 2014

Filme: 500 dias com ela

Boa tarde! :D
Passei a última semana me dividindo entre correria e mordomia: Curti um veraneio desde sábado (25), mas na última quarta-feira voltei pra casa, e dei cara com a minha mãe com o pé enfaixado -_-. A véia torceu o tornozelo no trabalho, e agora tá na maior mordomia em casa, uashaushuahsuahsasa. Mas ela está bem, então aproveitei o domingo livre pra passar aqui e falar de um filme famoso, mas que só assisti recentemente.


Dirigido por Marc Webb em 2009, essa comédia dramática estadunidense é estrelada por Joseph Gordon-Levitt e Zooey Deschanel. Com uma narrativa "quebrada" (não linear e que volta e avança no tempo várias vezes), mostra toda a desventura de um romance do início ao fim, dos doces momentos de amor à queda na rotina e o triste fim. 

Feito como produção independente, o filme foi distribuído pela Fox Searchlight Pictures e estreado no Sundance Film Festival, onde fez o maior sucesso (com direito até a ovação no final). Eu digo que gostei bastante do filme, pois apesar do jeitão de comédia romântica, ele foge completamente do padrão cliché desse gênero. A própria narrativa não-linear já é uma inovação: a história é contada através dos 500 dias de duração do relacionamento (1 ano e 6 meses), de forma que estamos no dia 10, saltamos para o dia 150 e então retornamos para o dia 35, por exemplo. Assim, é explicado como as manias do começo passam a irritar quando tempo avança  e como o que antes era bom deixa de ter graça, em uma forma genial de mostrar o que levou o casal a uma separação. Gostei também porque é tudo contado através do ponto de vista do rapaz (algo raríssimo nesse estilo), e porque aqui, quem sofre e corre atrás é ele. Não estou dizendo isso por ser sádica e achar que homem tem mais é que sofrer (rsrsrs), mas pela inovação, mesmo: Ora, quantas comédias românticas já tiveram coragem de mostrar um cara sonhando se casar com a garota, fazendo tudo por ela, enquanto ela não tá nem aí para relacionamentos sérios e quer mais é ser livre? 500 dias com ela faz isso. =)

Como não poderia deixar de ser, o machismo é cutucado aqui. Um exemplo disso é quando Summer (Zooey) está conversando com Tom (Joseph) e um amigo em uma mesa de bar, e os dois ficam de queixo caído quando ela diz que não acredita no amor e que este é apenas uma fantasia que o ser humano criou para não admitir que morre sozinho. O amigo de Tom (que não lembro o nome :3), bêbado, chega a dizer aos risos que Summer deve ser um homem. Essa simples frase do rapaz mostrou duas faces do machismo: Ela diz que, assim como Summer, por ser mulher, deve acreditar no amor, não acreditar  é coisa de homem, homem deve ser frio. Se Summer é fria e desencanada, é porque ela tem "cabeça de homem". E assim se move o mundo desde o início da humanidade. 

O slut-shamming também corre solto aqui. Summer, coitada, é "apedrejada" não só pelo Tom, mas por boa parte dos espectadores (é grande a incidência de homens que assistem e chamam ela de vadia pra baixo, inclusive entre os meus amigos). O erro dela foi, basicamente, terminar o namoro que não a fazia mais feliz. "Ah, Letícia, mas ele era tão querido, tão apaixonado!" "Ele levava ela a sério e ela não deu valor!". Essa são as coisas que dizem da Summer, mas aí eu pergunto: E daí? Se ela tivesse iludido o cara, até concordo que seria canalhice, mas não foi o caso - muito pelo contrário, ela sempre deixou claro que não pretendia se prender. (SPOILER) "Ah, mas no final, ela se casa com outro!" Tchã-ran! Sim, caras-pálidas, ela se casa com outro, assim como 95% da população mundial, que não se casa com o primeiro namorado, mas sim com o segundo, terceiro, quarto, infinito e além. E daí que ela se casou com outro, gente? Entendo a dor e a raiva do Tom, mas às vezes as pessoas mudam com o tempo. Pelo que ouço/leio sobre a Summer, fico com a impressão de que as pessoas acham que o certo é a mulher se casar com o primeiro namorado que realmente se apaixonar por ela, e se ela não fizer isso, é uma vaca filha da puta. Ou seja, o mundo é composto por um monte de filhos(as) da puta. Ba dum tss!

Adorei o final, que mostra o Tom se recuperando da dor de ser deixado por quem ama, e usando aquilo como estímulo para mudar sua vida para melhor, se assumir como realmente é e trabalhar no que realmente gosta. E até sua redescoberta ao mundo da paquera, após tanto tempo vivendo só para a Summer. Na última cena, após conversar com a garota que acabou de conhecer e convidá-para para um café, o filme fecha com a tela "Day 1", dando a entender que o ciclo recomeçaria com aquela garota. Irônico, verdadeiro e inteligente. Nossas sagas no amor não são sempre semelhantes, afinal?