quarta-feira, 23 de abril de 2014

Livro: Jogo Perigoso

Bom dia, meus lindos, meus amores, meus "tudos"! (Bom humor predominando, aqui).

E aí, como foi vosso feriado de Páscoa? O meu foi absolutamente ótimo, comendo viajando e curtindo um merecido descanso. \o/ E meus dias caseiros estão acabando: Semana que vem viajo a trabalho, e aí vai ser muuuuuuito difícil ter tempo para o meu mundo de sonhos, leituras e animes. Vou voltar já praticamente em cima do meu aniversário (no próximo dia 10 vou fazer 23 anos - é, os aniversários começaram a perder a graça), então, a não ser que eu me vire em mil e consiga postar durante a viagem, é possível que eu só consiga atualizar na segunda quinzena de maio <o>.

Enfim, o tempo ruge e a Sapucaí é grande (descanse em paz, Giovanni Improtta José Wilker), então vamos logo ao que interessa. Li esse livro no ano passado, para um trabalho da Faculdade, mas ele ficou tão marcado na minha mente, que acabei de ter um "start" de escrever sobre ele, e lembrei de tudo no ato. Obviamente, é um romance do mestre King.



Quando o excêntrico advogado Gerald e sua esposa Jessie decidiram viajar para uma cabana isolada em um lago e fazer um de seus jogos sexuais, não imaginaram o quão errado aquilo daria. Sozinha com Gerald e algemada à cama, Jessie logo se sente incomodada com a situação de submissão, e desiste da fantasia do marido. O problema surge quando ele, ignorando os protestos da esposa, rasteja sobre ela e tenta forçar a relação sexual - a reação instantânea de Jessie é lhe dar um violento chute na virilha, e a dor do cara é tanta, que resulta em um ataque cardíaco fatal (!). E a partir dessa premissa simples e atrapalhada, surgiu um dos livros mais apavorantes que eu já li. A vulnerabilidade da protagonista algemada à cama, seminua, com o marido morto caído no chão e sem uma alma viva por perto para ajudá-la, vai fazê-la viajar no medo mais intenso e nas lembranças mais perturbadoras de sua mente.

Uma das formas mais eficazes de manipulação é o medo, sem dúvida. Jessie logo percebe a encrenca em que se meteu, e o medo lhe surge de diversas formas: dos problemas que a morte do marido lhe causará, de morrer de fome, frio e sede, de ser encontrada naquela situação humilhante por alguém que não queira ajudá-la... E aí é que está o ponto: O medo torna tudo maior. Sem alcançar a chave das algemas e sem ter a ideia se conseguirá sair viva da cabana, Jessie se vê às voltas com lembranças cruéis da infância (um abuso sexual), constatação do quão infeliz foi seu casamento (que pra completar, a deixou encrencada daquela maneira), e vozes, muitas vozes. São muitas as alucinações de Jessie, em que houve justamente as vozes da amiga de escola Ruth Neary e da ex-psiquiatra Nora Callighan, cada uma representando uma parte de sua personalidade adormecida e revoltada. Jessie também imagina que receberá visitantes como "o cowboy do espaço", e ainda tem que lidar com um cachorro faminto que invade a cabana, tendo que lidar com o medo de que ele a ataque, e em seguida com o alívio sujo e culpado, quando ele a ignora e prefere arrancar pedaços do corpo morto de Gerald (sim, essa parte dá um embrulho no estômago). Presa no apavorante mundo de sua mente já quase insana e na cama que se tornou a pior das prisões, Jessie ainda não tem noção do perigo real que a cerca, do lado de fora da casa... até esse perigo realmente encontrá-la.

O romance é claustrofóbico do início ao fim, não só pela situação da pobre mulher algemada, mas também pela impotência que sentimos, imaginando-se na mesma situação. A protagonista está  em um caso típico de "se correr o bicho pega e se ficar o bicho come", mas é no auge do seu desespero que temos um dos momentos mais angustiantes do livro. Jessie só quer sobreviver, e a ideia que ela teve fez eu me questionar se eu teria a mesma coragem. Nessa ideia, está envolvido um copo que já havia proporcionado uma cena bem tensa anteriormente, quando ela o fez escorregar da prateleira para tentar beber água. E a sequência em que ele é usado pela segunda e derradeira vez me pareceu incrivelmente longa, e foi uma tortura que me fez segurar minha própria mão, me deixando com um medo terrível de algemas e assemelhados (mas chega de falar sobre isso, porquê já tô dando spoiler).

Jogo Perigoso é uma história incrível, agoniante como todo terror de qualidade deve ser. E Jessie Burlingame é uma personagem interessantíssima, pois ela atinge um alto nível de degradação, e nos faz imaginar como ela ficaria no cinema (acho que não existe nenhuma adaptação desse livro para as telas. Se houver, me corrijam.). O único ônus de ler essa obra do King, é que talvez sua vida sexual seja prejudicada, dependendo das fantasias que você costuma ter. Acha mesmo que verá algemas na cabeceira da cama com os mesmos olhos, depois de passar por essa experiência?

Achei essa imagem sensacional. Aqui está o cenário de 
TODO o livro. Claustrofóbico é pouco.

2 comentários:

  1. Os livros do King mechem muito com o psicológico é quase como se você fosse o personagem do livro.
    Bj

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    1. Tive essa mesma sensação em todos os livros dele que li, Yasmim. É impossível não embarcar na trama.
      Bjo. :*

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