quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Coisas que aprendi ao ficar mais velha

Tá, não que eu seja velha (mas na verdade tô ficando velha, mesmo. Err). Não que eu seja a pessoa mais experiente e sábia do mundo - longe disso. Eu tenho momentos de birra e impaciência, momentos de imaturidade besta que me fazem ter vergonha de mim mesma. Mas é por ser autocrítica que eu consigo olhar para trás e ver o tanto que mudei, nos últimos anos. Há um ano atrás, por exemplo, eu estava em situação bem diferente da que eu me encontro hoje. Mas a mudança mais significativa foi na pessoa que eu me tornei, mesmo.

Não vou ficar aqui palestrando sobre tudo que me aconteceu pra mudar minha visão de mundo - até porque, se eu fosse contar tuuuudo mesmo, daria um livro ~não muito bom~, auheuaheuahea. Mas eu gosto de dividir um pouco da minha humilde evolução, e ao mesmo tempo refletir sobre o tanto de coisa que já rolou. E o melhor jeitinho foi contar as coisinhas que aprendi quando me tornei uma velha gagá. Apreciem. xD


*Eu sou uma pessoa de muita sorte
Adolescente é dramático e adora achar que se dá mal em tudo. Mas os dramas costumam ser as roupas caras que não podem comprar, a paixonite não correspondida, a matéria que vai mal na escola... Longe de mim dizer que essas coisas não são ruins, gente, até porque cada um sabe onde dói sua ferida. Mas a questão é que o amadurecimento faz a gente se dar conta de que essas coisas não são nada. Sério! A minha adolescência não teve o glamour dos filmes e minha vida não é flores e música o tempo todo, mas a verdade é que eu tenho e sempre tive muita sorte. Sabem por que? Porque eu sempre tive uma família ao meu lado e pais que não são perfeitos, mas que me amam e jamais me deixaram desamparada. Eu tenho saúde e nunca me machuquei sério. Nas minhas fases mais barra pesada, eu tive amigos incríveis que me ajudaram a me manter de pé. E, pra ser mais clichê ainda, eu tenho casa, comida e chance de estudar, e se levarmos em consideração que assim como nasci aqui, eu poderia ter nascido lá na Etiópia, isso é uma sorte do caramba, mesmo. Aliás, do jeito que tá o mundo, posso me considerar mega sortuda só por nunca ter sido assaltada e nunca ter sido encochada no ônibus.


*O mundo não vai te dar nada
Quando a gente é jovem, tem mania de achar que é invencível e que tudo vai dar certo - ainda que a gente não se mexa pra fazer as coisas acontecerem. Aí o tempo passa, a gente fica pra trás, e culpa o mundo, Deus, Buda, Ganesha e Lilith por nossa vida cruel. Besteira, gente. Independente da sua crença, ficar só rezando não vai te dar nada. Não vai cair do céu uma casa, um carro ou um diploma de faculdade nas suas mãos. Não adianta gastar o salário todo em porcaria, e depois reclamar que não consegue juntar dinheiro. Não adianta levar o emprego na brincadeira, e chiar porque não foi promovido. Não adianta passar a aula toda de papo, e culpar a "professora chata" pelas notas ruins. Essas coisas são bem óbvias, mas tem gente que só entende depois de levar muita porrada. Eu fui uma dessas pessoas.

*Você não tem o direito de julgar ninguém
Deve haver uma explicação científica pra isso, porque o fato é: o ser humano adooora apontar o dedo na cara dos outros. seja pra reclamar do atendimento de um vendedor, seja pra falar da "piranhagem" da vizinha. E sabem uma coisa que notei? As pessoas que mais julgam, geralmente são as mais erradas. Tipo o cara que chama quem tem um casamento aberto de imoral, mas trai a esposa sem o menor remorso. Ou a mulher que reclama do machismo do marido, mas só ensina a filha a fazer tarefas domésticas, enquanto o filho ganha tudo nas mãos. Ou a pessoa que vive na igreja ouvindo o pastor/padre/seja lá o que for falar em piedade e amor ao próximo, mas não tem o menor remorso em falar mal de um semelhante. Gente, essa é uma das coisas que me dão mais vergonha, mas eu muito fiz isso. Ainda que sem intenção eu já machuquei muita gente, e hoje vejo o quanto isso é errado. Hoje em dia não atiro pedras em ninguém antes de conhecer a história toda - aliás, nem conhecendo eu atiro, porque tenho plena consciência de que não sou um ser perfeito, e portanto não tenho esse direito.

*As coisas acontecem nas horas certas
Meu primeiro namoro durou anos, entre idas e vindas. E não época eu já pensava em casar e ter filho (podem acreditar), mesmo sem ter nem noção do que seria do meu futuro, e do que eu gostava de estudar e trabalhar. Sofri muito por não ter dado certo, mas depois de adulta percebi que ter dado errado foi a melhor coisa que me aconteceu. Aquele relacionamento era destrutivo, e se tivesse ido adiante, o estrago seria imenso. Na época em que acabou foi horrível, e cheguei a pensar que jamais conseguiria amar alguém novamente. Mas minha época de solteira foi a de mais aprendizado. Foi nessa época que pude me conhecer melhor, pude aprender coisas novas, pude viver uma juventude que eu ainda não tinha vivido e, principalmente, pude aprender a ser independente, porque nessa vida a gente nasce e morre sozinho. Estou em um relacionamento maravilhoso no momento, e ele só veio depois que me estabeleci em um bom emprego, voltei a estudar e comecei a levar meus objetivos a sério. A melhor fase da minha vida é agora. <3

*Você não precisa agradar ninguém
E quando digo ninguém, é ninguém mesmo. Nem mesmo seus pais. Claro que é preciso ser grata a eles e ajudá-los em tudo que você puder, mas ainda assim, a sua vida é apenas sua. Só você decide se quer se casar e ter uma família, independente de seus pais quererem netos ou não. Só você decide se quer se formar advogada ou ser uma estrela do rock, ainda que seus pais queiram que você seja médica. Só você decide se quer ser cristã ou wiccan, ainda que sua família toda seja evangélica. E se você quiser morar com um monte de pessoas e fazer sexo grupal com todas elas, isso é problema só seu - se você estiver vivendo a sua vida sem prejudicar ninguém, ela diz respeito apenas a você. E se alguém vier cagar regras e te colocar moral, mande tomar no cu. Simples assim.

*As pessoas que amamos não são eternas
Crescemos sabendo que a morte é a única certeza da vida, mas ainda assim parecemos não ter consciência de que ela pode acontecer a qualquer momento. A mesma sensação de invencibilidade da adolescência nos leva a pensar que nada de ruim vai acontecer com a gente, só com o vizinho, mesmo - e aí a gente perde um tempo precioso fazendo birra com quem a gente gosta, discutindo por coisas totalmente desnecessárias e deixando de visitar as pessoas por pura preguiça. Olha, gente, eu perdi muitas pessoas queridas nos últimos anos, e nenhuma dor se compara à de perder alguém que a gente ama para a morte - nem fim de namoro, nem perda de emprego, nem fim do seriado favorito ou derrota do time... nada. Mas nós não sabemos quando nossa família, nossos amigos ou mesmo nós vamos partir dessa para uma melhor, então a única solução é aproveitarmos todo o tempo que tivermos. Visitando nossos avós, curtindo muito com nossos amigos, e fazendo o que tivermos vontade. Valorizando as pessoas e sabendo abrir mão do orgulho e perdoar. Convivendo mais. Isso não vai tornar a dor menor, quando as pessoas forem embora. Mas ao menos vai te dar muito mais recordações boas, e a certeza de que viveu tudo que tinha que viver, ao lado dos entes queridos. ^.^


Que delícia escrever esse post, gente! É muito bom dividir isso com vocês, porque assim visualizo o quanto esses anos a mais me fizeram bem. Me dei conta de que hoje posso dizer que tenho absolutamente tudo, e que apesar das cicatrizes, sou uma pessoa feliz.

Espero que tenham gostado do post, e que ele faça com que vocês também reflitam e aprendam. :)

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