domingo, 26 de julho de 2015

Livro: Laços Inseparáveis

Yaaaaeeey!
Nesse bendito domingo, estou de folga. Mas ao invés de sair, decidi ficar quietinha em casa (ainda tenho muuuuita coisa a fazer, por aqui), e aproveitar pra blogar um pouco. E trouxe uma resenha quentinha pra vocês, de um livro que terminei de ler essa semana: Laços Inseparáveis, da Emily Giffin.



(ATENÇÃO: ESSE TEXTO CONTÉM SPOILLERS)Diferente das outras histórias da Emily, essa não tem o romance como foco principal, mas sim as relações familiares - ou, melhor dizendo, a relação entre mãe e filha, mas de uma maneira bem diferente. Aos trinta e seis anos, a produtora de televisão Marian Caldwell parece ter uma vida perfeita em Nova York: ela é rica, tem sucesso no que faz, e um namoro firme com Peter, seu chefe gentil, inteligente e carinhoso. Mas algo parece estar faltando na vida de Marian. Ela sente a vontade de se casar e ter filhos bater, e em uma noite qualquer, toca no assunto com Peter, que não  reage com o entusiasmo que ela esperava. Após a decepção, ela vai pra casa acreditando que a noite acabou, mas o que ela menos esperava acontece: 
a jovem Kirby Rose bate em sua porta. Com nada além de uma mochila nas costas, um olhar inseguro e uma frase que muda tudo: "Eu acho que você é minha mãe". Kirby é nada menos que a criança que Marian gerou, pariu e entregou para adoção há dezoito anos atrás.

A história é narrada alternadamente por Marian e Kirby, e contada de um jeito tão delicado quanto a situação apresentada. Kirby é uma jovem esperta e ama sua família tanto quanto esta a ama, mas parece não se encaixar em lugar nenhum. Kirby se compara com sua irmã mais nova, Charlote, que é filha biológica de seus pais e, apesar de adorável, é o tipo de garota tão "perfeita" que faz a insegura Kirby se sentir desconcertada. Ao completar a maioridade, ela tenta calar os sentimentos que a deixam inquieta ao procurar sua mãe biológica e conhecer um pouco de seu passado. Marian, por outro lado, faz uma viagem no passado ao relembrar o namoro com Conrad, o pai biológico de Kirby, a desastrada ocasião em que ficou grávida (e, puta merda,que azar, hein...), e a confusão de sentimentos que fizeram com que não só entregasse a filha para outra família, mas também cometesse o gravíssimo erro de não contar nada a Conrad sobre a gravidez. Com a inesperada chegada de Kirby, Marian se vê cara a cara com um passado que tentou varrer para debaixo do tapete, sem sucesso. Ela fica feliz ao ver sua filha bem criada e saudável, mas ao mesmo tempo se arrepende de não ter ficado com ela. E tudo fica mais difícil quando Kirby exige que as duas encontrem Conrad e o contem a verdade, ainda que com dezoito anos de atraso.

Esse livro me surpreendeu para melhor. É uma história que tinha tudo para ser açucarada demais e repleta de clichés, mas ao contrário disso, é sensível, totalmente verossímil e nada cansativa. É fácil imaginar o quanto a situação é difícil para Art e Lily, os pais adotivos de Kirby que a criaram com todo o amor, mas também é fácil entender os sentimentos da menina, que passa por uma fase complicada e precisa ir em busca de sua origem. Marian, por sua vez, seria  alguém muito fácil de julgar, mas ela se revela uma pessoa tão meiga e frágil por trás da casca de celebridade, que no final das contas nos desperta vontade de abraçá-la. Eu tenho seis anos mais do que Marian tinha na história, quando engravidou de Kirby, mas ficaria tão apavorada quanto ela, se um bebê viesse assim, de um jeito tão inesperado. Se esse pânico bate até em pessoas adultas, imaginem em uma adolescente! Eu sempre acabo me repetindo nesses discursos, mas uma mulher solteira que engravida por "acidente" sempre vai ser julgada, seja qual for sua decisão: se ela tiver a criança, poucos vão realmente valorizar o esforço dela; se der para a adoção, vai ser a "desnaturada que abandonou o filho" e ter que conviver com isso para sempre, mesmo que se preocupe em dar o bebê a uma boa família, assim como Marian fez; se ela abortar, então, nem se fala... é uma cruel assassina de bebês... ¬¬. Talvez seja por enxergar essas coisas, que entendi a Marian e pude "perdoá-la" antes que os personagens fizessem isso. A única coisa que não engulo, foi ela não ter contado ao Conrad, principalmente porque ele se mostrava responsável e disposto a apoiar qualquer decisão que a namorada tomasse. Concordo com o pai da Marian e com o Peter: ela não tinha o direito de esconder de um homem que ele seria pai, por mais jovens que os dois fossem.

Com a Kirby, me identifiquei mais ainda. Eu sou filha biológica dos meus pais e fui planejada e "tentada" durante cinco anos (coitados, kkkkkk), mas me identifico com ela na parte do não se sentir encaixada em nenhum lugar, porque me senti assim durante toda a minha adolescência e, acreditem, às vezes me sinto assim até hoje. Kirby é uma garota com dúvidas, um excesso de pensamentos que chegam a deixá-la tonta, não sabe e provavelmente nunca saberá o que quer mesmo da vida, e ninguém realmente a entende, por mais que a amem. Mas ela, mesmo sendo tão tímida, tem uma coragem digna de assovios. Poucas pessoas fariam o que ela fez: descobrir o endereço da mãe biológica que a deixou e simplesmente ir procurá-la, sem ter ideia do tipo de pessoa que encontraria, e correndo o risco de levar uma impiedosa batida de porta no nariz. Mas é ao conhecer o pai biológico, Conrad (e ter uma cena lindíssima e emocionante com ele), que Kirby finalmente se sente a vontade, e fica claro de quem ela herdou o espírito livre e a natureza desencanada que tanto desagrada os adultos. Conrad é um homem incrível, mente aberta, uma personalidade fantástica. A raiva que ele sente de Marian ao saber de tudo é óbvia e justa, mas não demora muito para que ele se apaixone pela filha e abra seu coração para ela.

Eu realmente amei esse livro, me apaixonei pela maneira como Emily Giffin conseguiu escrever essa história, fazer com que ela cativasse e não ficasse forçada em nenhum momento - nem mesmo perto do final, quando as duas famílias de Kirby se encontram. Foi uma linda experiência ler Laços Inseparáveis e fiquei feliz por ter dado essa segunda chance à autora, após ter me decepcionado um pouco com Presentes da Vida - que é a sequência de O Noivo da Minha Melhor Amiga (sim, o que originou o filme, mas a história da Darcy é muito inferior à da Rachel, infelizmente). A história da Marian e da Kirby me ajudou a fazer as pazes com essa ótima escritora de chick-lit, e me deu vontade de ler mais livros dela. Vocês tem algum para me indicar? E esse, vocês leram? Gostaram? Me contem nos comentários. =)

Xoxo. :*

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