domingo, 22 de março de 2015

Filme: A teoria de tudo

Ainda no clima do Oscar, semana passada eu estava caçando filmes que receberam algum prêmio. Acabei assistindo Para sempre Alice (que deu o Oscar de melhor atriz à linda da Julianne Moree), e A teoria de tudo. Amei os dois, mas foi esse segundo que mexeu comigo a ponto de render uma resenha aqui.



Baseado no livro de Jane Wilde Hawking, dirigido por James Marsh e com roteiro de Anthony McCarten, esse filme conta a história do físico teórico Stephen Hawking, incansável em sua mente brilhante apesar da doença devastadora que o acometeu, e sua primeira esposa, Jane. Trata-se de uma história não só de amor, mas muito mais de amizade. Não só de ciências, mas muito mais de emoções e sentimentos de qualquer ser humano.

Jane e Stephen se conheceram em uma festa da faculdade, enquanto ele fazia seu doutorado em Física, e ela sua pós-graduação em línguas francesa e espanhola. A química é instantânea e rapidamente os dois começam a namorar, mas uma desagradável surpresa logo surge na vida de Stephen: após uma paralização e um tombo feio em pleno campus, ele descobre ser portador de Esclerose Lateral Amiotrófica, e que os efeitos da enfermidade farão com que ele não viva mais de dois anos.

O fato cruel poderia ter parado a carreira de Stephen, e seu relacionamento com Jane. Mas ela não parou, e o filme deixa bem claro o quanto tudo é interligado. Teria Hawking vivido tanto e feito tanto, sem os amorosos cuidados de sua fiel escudeira Jane?



Achei o filme maravilhoso em tudo. A construção de época está impecável, a trilha sonora está emocionante, e Eddie Redmayne - merecido vencedor do Oscar de melhor ator - está magistral. A semelhança dele com o Hawking original chega a ser perturbadora, e a maneira como ele atua, principalmente nas cenas que mostram o quão cruel é a degeneração causada pela doença, convencem a ponto de chocar. Felicity Jones, a Jane, é linda e atua com muita delicadeza e verdade. O casal fica bem junto e tem cenas de amor que chegam a dar uma dorzinha no coração. O restante do elenco também não compromete, e outros atores também têm seu momento: Harry Lloyd, intérprete de Brian - amigo de Hawking que protagoniza com ele cenas de fazer gargalhar, dando um adorável alívio cômico - , e Charlie Cox, o Jonathan, jovem pastor da igreja local que ajuda a família e, posteriormente, se tornaria o segundo marido de Jane Hawking. O restante do elenco não compromete, mas foi esse quarteto que mais me agradou. Também gostei da maneira como o filme coloca os personagens: humanos. A força de Hawking e de Jane não os tornou santos. Realidade pura, onde, mesmo amando, somos passíveis de erros. Temos fragilidades. E ainda assim, nada disso anulou a linda história que esses dois construíram.



Gostei da maneira honesta como Jane Hawking - que escreveu  o livro que originou o filme - se mostra. Uma mulher que amava o marido apesar das dificuldades, mas que, mesmo com todo o seu esforço e dedicação, tinha momentos de impaciência. Qualquer pessoa que criticar alguém por perder a paciência está sendo hipócrita. Só quem convive com alguém totalmente dependente sabe o quão terrível é ver alguém que se ama sofrer desse jeito, e o quão dura e desgastante é a rotina de cuidar dessa pessoa. Qualquer marido/mulher, filho, irmão, pai ou mãe que seja forte o suficiente para ser esse protetor que o doente precisa merece SIM um troféu, porque,por mais que nos imponham que quem ama cuida e digam outras frases feitas, somos apenas humanos, e nem sempre somos fortes. Por isso sempre peço à Deusa para ser forte e ter bastante saúde para me dedicar, se um dia alguém que amo muito se tornar dependente de mim. Jane Hawking passou a maior parte da sua vida tendo essa força.

Também gosto da maneira como é mostrado seu sentimento em relação à Jonathan. Nenhum dos dois é colocado como um vilão, em nenhum momento, e de fato não são: são apenas vítimas da vida e das circunstâncias. E, por mais que pedras possam ser atiradas no Stephen Hawking por ter tido uma espécie de "caso" com a enfermeira antes de se separar de Jane (e essa enfermeira se tornaria a segunda esposa dele. Pois é.), achei bárbaro e até um pouco cômico. A doença de fato não impediu o cara de absolutamente nada, auehauheuaheuaheua (que o digam sua carreira brilhante e sua penca de filhos). A única crítica que tenho ao filme é a maneira muito rápida como aconteceu o namoro dos protagonistas. Provavelmente para não deixar o filme ainda mais longo e dar mais destaque à dramática doença, os primeiros momentos dos dois foram bem resumidos, e isso é plausível. Mas, para "justificar" todo o amor de Jane e a insistência dela em se casar com Stephen e ficar com ele pelo tempo que pudessem, deveria ter tido ao menos uma cena mais intensa.

O filme, quando acaba, deixa uma sensação boa no peito. Mostra que finais felizes não precisam ser sempre iguais. E que, por mais que o casamento tenha acabado, a história de amor dos protagonistas é eterna. E a melhor cena para ilustrar isso é a última, quando Stephen, já separado de Jane há anos e ainda assim com ela ao seu lado em um momento importante, olha para os três filhos dos dois, que passeiam à frente, e diz: "Veja que lindo tudo que construímos."


2 comentários:

  1. Ótima crítica! Eu gostei bastante do filme e na verdade fiquei braba que eles se focaram demais na doença e pouco na genialidade de Hawking, mas a verdade é bem como você disse, eles buscaram uma abordagem bastante humana e realmente fiquei triste e gostei de como foi tratado os novos relacionamentos: de acordo com as circunstâncias.

    Eu também escrevi uma crítica sobre esse filme, se quiser dar uma olhadinha passa lá no blog <3

    Beijos, Vickawaii
    http://finding-neverland.zip.net

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    1. Eu quis assistir mais pela curiosidade de ver o Ed Reddie Redmayne como Hawking, mas acabei gostando do filme bem mais do que imaginava. Me emocionou. :´)

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