domingo, 2 de fevereiro de 2014

Filme: 500 dias com ela

Boa tarde! :D
Passei a última semana me dividindo entre correria e mordomia: Curti um veraneio desde sábado (25), mas na última quarta-feira voltei pra casa, e dei cara com a minha mãe com o pé enfaixado -_-. A véia torceu o tornozelo no trabalho, e agora tá na maior mordomia em casa, uashaushuahsuahsasa. Mas ela está bem, então aproveitei o domingo livre pra passar aqui e falar de um filme famoso, mas que só assisti recentemente.


Dirigido por Marc Webb em 2009, essa comédia dramática estadunidense é estrelada por Joseph Gordon-Levitt e Zooey Deschanel. Com uma narrativa "quebrada" (não linear e que volta e avança no tempo várias vezes), mostra toda a desventura de um romance do início ao fim, dos doces momentos de amor à queda na rotina e o triste fim. 

Feito como produção independente, o filme foi distribuído pela Fox Searchlight Pictures e estreado no Sundance Film Festival, onde fez o maior sucesso (com direito até a ovação no final). Eu digo que gostei bastante do filme, pois apesar do jeitão de comédia romântica, ele foge completamente do padrão cliché desse gênero. A própria narrativa não-linear já é uma inovação: a história é contada através dos 500 dias de duração do relacionamento (1 ano e 6 meses), de forma que estamos no dia 10, saltamos para o dia 150 e então retornamos para o dia 35, por exemplo. Assim, é explicado como as manias do começo passam a irritar quando tempo avança  e como o que antes era bom deixa de ter graça, em uma forma genial de mostrar o que levou o casal a uma separação. Gostei também porque é tudo contado através do ponto de vista do rapaz (algo raríssimo nesse estilo), e porque aqui, quem sofre e corre atrás é ele. Não estou dizendo isso por ser sádica e achar que homem tem mais é que sofrer (rsrsrs), mas pela inovação, mesmo: Ora, quantas comédias românticas já tiveram coragem de mostrar um cara sonhando se casar com a garota, fazendo tudo por ela, enquanto ela não tá nem aí para relacionamentos sérios e quer mais é ser livre? 500 dias com ela faz isso. =)

Como não poderia deixar de ser, o machismo é cutucado aqui. Um exemplo disso é quando Summer (Zooey) está conversando com Tom (Joseph) e um amigo em uma mesa de bar, e os dois ficam de queixo caído quando ela diz que não acredita no amor e que este é apenas uma fantasia que o ser humano criou para não admitir que morre sozinho. O amigo de Tom (que não lembro o nome :3), bêbado, chega a dizer aos risos que Summer deve ser um homem. Essa simples frase do rapaz mostrou duas faces do machismo: Ela diz que, assim como Summer, por ser mulher, deve acreditar no amor, não acreditar  é coisa de homem, homem deve ser frio. Se Summer é fria e desencanada, é porque ela tem "cabeça de homem". E assim se move o mundo desde o início da humanidade. 

O slut-shamming também corre solto aqui. Summer, coitada, é "apedrejada" não só pelo Tom, mas por boa parte dos espectadores (é grande a incidência de homens que assistem e chamam ela de vadia pra baixo, inclusive entre os meus amigos). O erro dela foi, basicamente, terminar o namoro que não a fazia mais feliz. "Ah, Letícia, mas ele era tão querido, tão apaixonado!" "Ele levava ela a sério e ela não deu valor!". Essa são as coisas que dizem da Summer, mas aí eu pergunto: E daí? Se ela tivesse iludido o cara, até concordo que seria canalhice, mas não foi o caso - muito pelo contrário, ela sempre deixou claro que não pretendia se prender. (SPOILER) "Ah, mas no final, ela se casa com outro!" Tchã-ran! Sim, caras-pálidas, ela se casa com outro, assim como 95% da população mundial, que não se casa com o primeiro namorado, mas sim com o segundo, terceiro, quarto, infinito e além. E daí que ela se casou com outro, gente? Entendo a dor e a raiva do Tom, mas às vezes as pessoas mudam com o tempo. Pelo que ouço/leio sobre a Summer, fico com a impressão de que as pessoas acham que o certo é a mulher se casar com o primeiro namorado que realmente se apaixonar por ela, e se ela não fizer isso, é uma vaca filha da puta. Ou seja, o mundo é composto por um monte de filhos(as) da puta. Ba dum tss!

Adorei o final, que mostra o Tom se recuperando da dor de ser deixado por quem ama, e usando aquilo como estímulo para mudar sua vida para melhor, se assumir como realmente é e trabalhar no que realmente gosta. E até sua redescoberta ao mundo da paquera, após tanto tempo vivendo só para a Summer. Na última cena, após conversar com a garota que acabou de conhecer e convidá-para para um café, o filme fecha com a tela "Day 1", dando a entender que o ciclo recomeçaria com aquela garota. Irônico, verdadeiro e inteligente. Nossas sagas no amor não são sempre semelhantes, afinal?


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