quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Livro: Tigre, Tigre

Boa tarde, seus lindos!!!!!!!!
O motivo da alegria é que a última semana foi corrida, mas muita boa! Tive uma Formatura na quinta, uma festa na sexta, viajei no sábado, voltei segunda e passei os dois últimos dias na casa do meu BFF, curtindo muito! (férias, lalala) :D
Com as baterias devidamente recarregadas  porém sem material pra post, falarei um pouco sobre um livro que li há algum tempo atrás e me deixou beeeem perturbada, mas nunca falei sobre ele. É o polêmico Tigre, Tigre, da Margaux Fragoso:






Em toda biografia - ou mesmo ficção - que fala sobre abusos e violência em geral, somos acostumados ao estereótipo do algoz e vítima, da pessoa que sofre o abuso odiando e temendo quem a faz sofrer. Provavelmente é por isso que essa autobiografia cause tanta estranheza e choque em quem a acompanha.

A americana Margaux Fragoso - hoje com 33 anos e doutora em redação criativa e inglês - descreve em detalhes a relação de abuso e amor-dependência com Peter Curran, que tinha 51 anos quando a conheceu com 7, e se relacionou com ela pelos 15 anos seguintes. Ela recorre a diários, fotos, cartas e mesmo a ficções que escrevia na época (ela sempre gostou de escrever) para contar a história de sua vida e nos fazer ver os fatos por sua lógica de menina. Filha de um pai alcóolatra e agressivo, que a tratava com desprezo, e de uma mãe com problemas mentais, Margaux tornou-se uma vítima óbvia e não foi protegida por ninguém, o que chega a nos causar revolta pela negligência dos vários adultos à sua volta. Criança, ela cresce confusa, com baixa auto-estima e com sérias tendências depressivas e suicídas, tendo que se libertar de vários  "demônios" para estudar, amadurecer e dar a volta por cima.

As cenas das relações sexuais são descritas com uma crueza que nos parece absurda, o que rendeu várias críticas à autora. Mas a narrativa é válida por ser totalmente real, e nos fazer "entrar" no mundo da garota, sentindo tudo que a atormenta, tudo que se passa na cabeça dela. Da dependência - ela chega a dizer que "não sabia mais onde ela terminava e ele começava" - , ao ódio em alguns momentos, e à compaixão, porém sensação de liberdade dela quando Peter se suicida, aos 66 anos. São as atitudes dela após a morte de Peter - ela faz várias coisas que não faria se ele estivesse vivo, pois ele não a "permitia" - que nos dão a idéia do quanto a infância e os abusos foram dolorosos para ela, apesar da Síndrome de Estocolmo que na época ela chamava de "amor". Quanto ao pedófilo Peter, me pareceu ser um homem extremamente perturbado, com visão distorcida das coisas e se justificando o tempo todo, já que também foi vítima de abuso na infância. Sinceramente, não senti pena dele em nenhum momento. A maneira como ele enredou Margaux em sua teia, chantageando-a emocionalmente e tornando-se como uma "droga" para ela, me deixou enojada e me fez pensar em quantos casos como esse existem por aí, camuflados por "amizades bonitas".

Minha opinião final sobre Tigre, Tigre é que o livro vale super a pena, mas é preciso ter estômago, pois a leitura não é nada fácil e vai ficar um bom tempo na sua cabeça. Já a autora, considero acima de tudo uma mulher extremamente corajosa por ter tocado na ferida e exposto as coisas como elas realmente são nesses casos. Chocante, porém esclarecedor e até necessário para quem tem filhos e precisa protegê-los.





Veja aqui uma entrevista com a autora Margaux Fragoso.

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